segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Trabalho híbrido é o futuro do trabalho?


O trabalho híbrido veio para ficar ou esse modelo - parte do trabalho remoto e outra parte presencial - foi só forçado pelas restrições ao contato presencial da pandemia? Com o crescente relaxamento dessas restrições o trabalho híbrido vai permanecer? 

O trabalho na pandemia
Pesquisa realizada e divulgada pelo Google, O futuro do trabalho no Brasil mostra que na pandemia 44% das empresas brasileiras pesquisadas por eles adotaram o trabalho híbrido, onde parte ou toda a equipe trabalha intercaladamente, às vezes em casa (home office) e outras vezes presencial na empresa. Já 27% por cento das empresas pesquisadas por eles foram para um modelo totalmente remoto e 29% totalmente presencial.

Com o avanço da vacinação, e a consequente melhora nos números de casos graves da doença e mortes, os governos estaduais e municipais começaram um relaxamento crescente das medidas de restrição ao contato social. Neste contexto, muitas empresas começaram a discutir qual seria o futuro do trabalho e como utilizar as lições aprendidas.

A maioria gostou do híbrido
Entre os empregados perguntados pela pesquisa do Google, cujas empresas não definiram ainda um modelo de trabalho pós-pandemia, a maioria - 59% - gostariam de sugerir para o futuro alguma forma de trabalho híbrido - parte remoto, parte presencial. Já 22% sugerem totalmente presencial e 19% totalmente remoto / home office.

Quanto à quantidade de trabalho durante a pandemia, a maioria - 62% - dos que trabalharam em modelos híbridos e remoto relataram a sensação que tem trabalhado mais durante a pandemia, enquanto 19% relataram a sensação de ter trabalhado igual e 19% trabalhado menos. 

A contradição entre a maioria dizer que aparentemente trabalhou mais no trabalho híbrido ou remoto da pandemia com a maioria dizer que gostaria de continuar assim no futuro, parece indicar que a sensação de trabalhar mais foi compensada pela redução (ou eliminação) do tempo de deslocamento ao trabalho, maior convívio com a família e os confortos de estar em casa.

Nem tudo são flores
Para as empresas, o trabalho híbrido pode representar uma diminuição dos custos de escritório pela diminuição do número de postos de trabalho presenciais e consequentes custos de aluguel, ar condicionado, segurança, limpeza e manutenção, etc. Por exemplo uma empresa de 100 funcionários de escritório que a cada momento só tenha 50 trabalhando presencialmente pode reduzir seus custos de escritório para a metade.

Porém, há problemas. Primeiro, há a insegurança jurídica. A CLT - o corpo de leis que regulamenta o trabalho no Brasil - não contempla especificamente o trabalho híbrido. Também não se sabe como as cortes trabalhistas irão julgar os possíveis novos problemas que surgirem no novo modelo, essa jurisprudência ainda vai ser construída. Também é incerto se e quando o governo vai alterar a CLT e outras leis e regulamentos para facilitar modelos mais modernos de trabalho. O risco de uma enxurrada de processos, justificados e injustificados, para cada brecha não prevista pela CLT no trabalho híbrido (e remoto) é grande. 

Segundo, um novo jeito de trabalhar implica em novos métodos e novas tecnologias. Quantos dias em casa e quantos no escritório? Qual percentual de empregados no escritório de cada vez? Com a rede de computadores da empresa distribuída por 200 casas espalhadas pela cidade, quais novos softwares, hardwares, treinamentos e procedimentos serão necessários para garantir a mesma produtividade e segurança? Ninguém tem a receita de bolo pronta para cada tipo de empresa e cultura organizacional. Vai haver necessariamente um tempo de experiência e uma curva de aprendizado para cada empresa.

Essas incertezas e riscos tem levado algumas empresas e podem levar outras a voltarem ao modelo de trabalho totalmente presencial, assim que possível. O modelo tradicional de trabalho presencial tem seus próprios problemas técnicos, administrativos e jurídicos, mas são problemas conhecidos há muito tempo e com soluções e ferramentas prontas para lidar com eles.

Para onde caminha a humanidade
Futurologia é uma profissão de risco, mas vamos expor aqui nossa previsão: apesar das visíveis vantagens para empresas e empregados de um modelo híbrido casa / escritório de trabalho e do destaque das conversas a seu respeito na mídia, nas redes sociais e em alguns círculos corporativos, acreditamos que sua adoção no Brasil vai ser bem menor que as expectativas, bem menor que o hype.

Conclusão
Acreditamos que as vantagens do trabalho híbrido para muitas empresas sejam contrabalançadas pelos riscos e incertezas que apresentamos. E, em caso de dúvida, o mais fácil sempre é voltar ao jeito que as coisas sempre foram. Na nossa opinião, ao longo dos próximos meses e ano assistiremos um grande refluxo de profissionais ao escritório.

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