quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Melhores Ideias: As melhores resenhas de livros do YouTube

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A BIBLIOTECA DA MEIA NOITE: Você mudaria o seu passado? - Resenha livro de Matt Haig - Clique e Assista!


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quinta-feira, 13 de abril de 2023

A Internet precisa de controle de conteúdo. Urgente.


Depois do recente caso do adolescente que matou uma professora a facadas, a imprensa denunciou que há muitas postagens e perfis na Internet que louvam e promovem esse tipo de ataque em escolas. Essa é só uma ponta do iceberg de conteúdos nocivos na Internet. O problema é muito pior.

O horror

Vários estudos mostram que as crianças estão começando a acessar pornografia explícita na Internet aos 8 ou 9 anos de idade. Aos 11, cerca de um terço das crianças já acessou.

Também são fáceis de encontrar na Internet publicações que encorajam violência, vandalismo, comportamentos perigosos ou danosos, ódio a pessoas ou grupos, as já citadas promoções de ataque em escolas e muitos outros conteúdos nocivos.

E fake news então? Todo dia vejo nas redes sociais publicações mentirosas. Algumas toscas, só uma pessoa radicalizada de direita ou de esquerda acreditaria,  mas outras, são super bem feitas para deliberadamente induzir o público ao erro.

Em resumo, na Internet de hoje, qualquer insano, mal-intencionado ou criminoso publica o que bem quiser e qualquer pessoa, inclusive crianças e adultos mentalmente frágeis, ou desiquilibrados, acessa o que bem quiser. Os controles, quando existem, beiram o deboche, como um botão "clique aqui para sair se for menor de 18 anos..." 

As ferramentas da democracia, governos, judiciário, polícias, tentam conter os casos mais graves. Mas os mecanismos da democracia foram criados para lidar com problemas anteriores à Internet, não tem capacidade, nem velocidade, para lidar com bilhões de publicações. 

Além disso, a própria legislação que hoje baseia as ações de controle não está preparada para todos os problemas novos, específicos da Internet. Por exemplo, o fato que qualquer indivíduo possa ter uma audiência igual ou maior que a de um canal de televisão.

Mas as redes sociais não excluem conteúdos danosos ou perigosos?

Várias redes sociais têm auto regulamentação, isto é, tem mecanismos para excluir conteúdos que, na opinião delas, são nocivos. Geralmente uma combinação de filtros pré estabelecidos pelos programadores e a possibilidade de usuários denunciarem o conteúdo de outros usuários.

Agora reflita comigo, prezada leitora, prezado leitor. Uma grande indústria de alimentos pode até se auto regulamentar para evitar alguns problemas com a comida que vende, mas vai de própria iniciativa retirar do mercado  todos os salgadinhos que lhe dão lucro, porque eles têm muita gordura e sal? Vai de própria iniciativa colocar, no seu chocolate mais vendido, um rótulo bem assustador avisando que consumo continuado de açúcar pode levar ao diabetes? 

Claro que não. No mundo inteiro é preciso os governos regulamentarem os teores máximos e mínimos de alguns ingredientes, proibir alguns conservantes e aditivos químicos, estabelecer qual informação nutricional é obrigatória nos rótulos e muitas outras regras. Isso previamente, além de mecanismos de fiscalizar, denunciar, proibir e punir, para os casos que escaparem dessa rede de segurança prévia.

Um paralelo com a indústria alimentícia se aplica à Internet. A auto regulamentação na Internet pode até segurar alguns exageros, mas hoje é feita de acordo com as possíveis boas intenções dos donos das empresas da Internet, não de acordo com critérios  a ser estabelecidos pelas instituições da democracia para esse fim e com força de lei.

Os algoritmos pioram o que já é ruim

A indústria alimentícia não exagera no sal, gordura, açúcar, glutamato, aromatizantes, corantes, etc. porque é vilã e quer fazer mal às pessoas. Faz porque isso leva a consumir de forma crescente o que ela vende. Obesidade, diabetes, ataque cardíaco, derrame, doença renal crônica, etc., advindos do consumo excessivo, são "só" efeitos colaterais.

Do mesmo modo, os algoritmos das redes sociais, sites e aplicativos, não oferecem conteúdo nocivo às pessoas porque as empresas são vilãs e querem fazer mal às pessoas. Fazem porque querem que consumam de forma crescente o que veiculam. Para isso, os algoritmos observam o que cada pessoa gosta de ver e vão aumentando a dose. Se você assiste vídeo de gatinho, a rede social lhe mostra mais filme de gatinho. Se assiste de acidente de carro, ela lhe mostra mais  acidente de carro.

Assim, qualquer gosto ou inclinação que a pessoa tenha, seja benigna ou seja tara, é retro alimentada pelos algoritmos, com mais e mais conteúdo relacionado. O objetivo do algoritmo é fazer as pessoas consumirem, numa espiral crescente, o conteúdo que oferece. Radicalização política, intolerância , isolamento social, violência, anorexia, automutilação, suicídio, etc. são "só" efeitos colaterais.

Para mim, os governos precisam intervir na Internet, como já fazem na indústria alimentícia. Fazer controle de conteúdo na Internet. Direto e dos algoritmos que selecionam o que é oferecido às pessoas.

Controle não é censura?

Na democracia nenhuma liberdade ou direito é absoluto, todos são regrados. Eu tenho o direito de ir e vir, mas se eu passar no farol vermelho a polícia pode me parar. Eu tenho liberdade de expressão, mas se eu ameaçar você de morte posso ir preso. Eu tenho o direito de comprar um revólver, mas tenho que ter 21 anos ou mais, de idade. Nada disso é ditadura, é o funcionamento normal da democracia. 

Assim, os governos criarem regras para o direito de publicar e acessar conteúdo na Internet, é tão normal e democrático quanto as regras que já existem para todo os outros direitos e atividades.

Chamar de censura qualquer tipo de controle de conteúdo na Internet é uma tentativa maldosa de associar uma salvaguarda sadia da democracia com uma prática perversa das ditaduras - calar os adversários. 

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hoje, qualquer maluco ou criminoso publica o que quiser e qualquer pessoa, inclusive crianças e adultos mentalmente desiquilibrados, acessa o que quiser
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Controle de conteúdo da Internet é para a democracia decidir o que pode ou não pode na Internet, assim como decide o que pode ou não pode nas ruas.

Eu não disse que é fácil

Mas saiba, prezada leitora, prezado leitor, que eu achar que é necessário maior controle de conteúdo na Internet, não significa que eu ache isso fácil. Nem de longe.

Primeiro, tem o problemão político: nos exemplos mais óbvios, criança de 8 anos acessar filme de sexo explícito, ou influenciador com milhões de seguidores dizer que gostaria que alguém desse um tiro no presidente, fica fácil ver o risco. Mas há muitos casos que não são tão claros. Pode ser difícil decidir o que é saudável e o que é nocivo para a sociedade, bem como nos casos nocivos, é difícil decidir até onde vai o direito das pessoas voluntariamente envenenarem a si mesmas e aos outros.

Então, o que pode e o que não pode na Internet? Quem decide isso? Como se faz para evitar  que quem decide use esse poder para seus interesses pessoais ou políticos (para calar os contrários, por exemplo)? 

Segundo, tem o problemão técnico: quando a Internet foi criada, não se imaginava que ela se tornaria  fundamental para a sociedade. Então, uma série de controles e seguranças não foram embutidos na sua estrutura básica. Por exemplo, não há checagem de identidade, nativa da Internet. Pelo contrário, a Internet estimula o anonimato e até a ocultação deliberada da identidade de quem publica ou acessa.  

Ainda na questão técnica, o gigante volume de publicação na Internet é maior do que pessoas seriam capazes de verificar manualmente. Qualquer forma de filtragem tem que ser automatizada. Porém, nem sempre a Inteligência Artificial consegue reconhecer problemas que humanos reconhecem.

Conclusão

Nenhuma sociedade civilizada deixa de enfrentar o crime, ou os acidentes de trânsito, só porque são problemas difíceis e para os quais não há soluções, só paliativos. 

Na minha opinião, o controle da publicação e acesso na Internet de conteúdos nocivos, danosos ou perigosos cai nessa mesma categoria. Não há "solução", mas enfrentar o problema pode diminui-lo.

Me parece que esse enfrentamento passa por estabelecer entidades que envolvam a sociedade e governos, na forma de agências governamentais, porém autônomas. Criar uma "Anvisa" + "Vigilância Sanitária" da Internet. A ideia de uma Agência se baseia em dois motivos principais: 

1) as regras de conteúdo da Internet tem que ser dinâmicas, serem continuamente ajustadas a mudanças na sociedade e na cultura. Não dá pra supor que uma lei feita de uma vez só preveja tudo. 
2) As regras de conteúdo têm que se manter razoavelmente isentas de contaminações ideológicas ou partidárias mais radicais, ou da posição do governo da vez. Como a gente viu no caso do enfrentamento da pandemia da Covid pela Anvisa, ou do enfrentamento da inflação pelo Banco Central, é possível construir entidades governamentais com uma certa isenção ideológica e partidária.

Também é preciso estabelecer legislação que permita às democracias forçarem as redes sociais, sites e aplicativos seguirem o que for estabelecido pelas Agências. Na democracia, todos respondem civil e criminalmente pelo jeito com que ganham dinheiro. As empresas de Internet não podem ser exceção.

Quanto às dificuldades tecnológicas, com pressão da sociedade e punições dos governos, estou tranquilo que as empresas encontrem as tecnologias. Já aconteceu em outras indústrias, como na automobilística. Pressionada, aumentou tremendamente a segurança dos carros, ao longo do tempo.

Eu sou otimista na capacidade da humanidade de resolver problemas. Mas para isso, é preciso que haja a vontade. Espero que este post dê a minha pequeníssima contribuição, para crescer na sociedade a vontade de mais controle de conteúdo na Internet, 

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terça-feira, 4 de abril de 2023

Eu experimentei ChatGPT. Estou assustado.


Eu passei um tempo usando ChatGPT, o chat que "conversa" e responde sobre qualquer assunto com Inteligência Artificial. Também pesquisei alguns testes feitos por outras pessoas. Minha opinião em poucas palavras: é assustadoramente bom. 

Você acha que a inteligência artificial não é capaz de fazer o que você faz no seu emprego?

Recentemente aplicaram no ChatGPT a prova do Enem 2021. Cada uma das perguntas de português, matemática, ciências, etc, foi copiada, colocada na caixa de interface e perguntado qual  resposta certa. Em outro teste, foi solicitado ao ChatGPT escrever uma redação com o mesma tema do Enem. Resumo da ópera: o ChatGPT tirou uma nota entre 600 e 700 (de um total de 1000).

Você pode estar pensando, ah, essa inteligência artificial não é tão coisa de gênio assim, não tirou 1000. Mas eu preciso lembrar você que testaram o ChatGPT padrão, sem treino nenhum para o Enem. Assim mesmo, ele já foi melhor que metade dos brasileiros preparados para o vestibular, em um teste objetivo de inteligência.

O ChatGPT poderia ser exposto a milhares de exames vestibulares, ou do Enem, pra ficar muito melhor nessa tarefa. Com um pouco de treino específico, Inteligência Artificial, no patamar do ChatGPT, poderia se sair melhor em muitas tarefas intelectuais que os profissionais que as fazem hoje.

Mas meu emprego não é escrever texto, então estou garantido, certo?

Uma das coisas mais impressionantes do ChatGPT é que ele não produz só textos nesse sentido mais literal. Ele escreve programas de computador, receitas culinárias, letra de música e muito mais. Produz praticamente qualquer forma de conhecimento que possa ser organizada na forma de um texto, estruturado ou desestruturado.

E mais, é um chat, uma conversa interativa. Depois que ele produz um resultado você pode pedir:  mude assim ou assado. Eu experimentei "Crie um cardápio de 1800 calorias por dia para uma semana". 

O ChatGPT respondeu, com o café da manhã, almoço, jantar, lanchinho no meio da manhã e outro da tarde, para uma semana. Aí eu disse: mude para ficar vegetariano. O ChatGPT reescreveu, só fazendo as substituições necessárias.

Então, não é só o funcionário que escreve relatórios, scripts ou e-mails que está ameaçado. A maioria das pessoas cuja função é produzir, ou processar de alguma forma, conteúdos técnicos ou profissionais, vai correr risco, mais cedo ou mais tarde.

Os incorrigíveis otimistas precisam se corrigir

Eu já vi artigos propondo que a Inteligência Artificial não vai substituir funcionários humanos, vai ajudá-los. Por exemplo, ajudar uma pessoa a escrever um relatório melhor do que faria sozinho. Pode ser que numa primeira etapa sim. Mas achar que não vai haver substituição, é tão ingênuo quanto achar que os robôs na indústria só iriam ajudar operários que não eram suficientemente fortes ou hábeis manualmente para fazer uma tarefa. Ninguém ia ser demitido...

Conclusão

Como pensou o cara que pulou do décimo andar do prédio, a hora que ele passou pelo segundo andar: Ah, até agora tudo bem.

Ah, o ChatGPT não é tão bom assim. De vez em quando produz resultados inconsistentes ou obviamente errados.  Quando acerta, não é um conteúdo brilhante, é entre médio e bom. O ChatGPT não escreve ficção melhor que o Guimarães Rosa, nem um programa de computador melhor que o Donald Knuth, nem uma letra de música melhor que o Bob Dylan. Nem de muito longe.

O que é assustador, no entanto, é que ele faz todas essas coisas melhor que muitos humanos médios fariam. Responda pra mim prezada leitora, prezado leitor: quantas pessoas na sua empresa são gênios e quantos são humanos médios? 

Com um pouco de treino em profissões específicas e com adaptações da interface - do jeito de usar - ferramentas de I.A. podem ter um efeito devastador no mercado de trabalho. Isso, com as capacidades de I.A. de hoje. Não quero nem me estressar pensando no que poderá ser feito com os inevitáveis avanços de hardware, software e treinamento...

Não é à toa que Elon Musk, Steve Wozniack (co-fundador da Apple) e mais 2.600 CEOs, pesquisadores e outros profissionais de tecnologia assinaram uma carta aberta pedindo uma pausa no desenvolvimento da Inteligência Artificial, por pelos menos 6 meses, para que as questões éticas, políticas e sociais possam ser discutidas. Eu, muito modestamente me juntando a esse seleto grupo, concordo plenamente. 

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