terça-feira, 4 de abril de 2023

Eu experimentei ChatGPT. Estou assustado.


Eu passei um tempo usando ChatGPT, o chat que "conversa" e responde sobre qualquer assunto com Inteligência Artificial. Também pesquisei alguns testes feitos por outras pessoas. Minha opinião em poucas palavras: é assustadoramente bom. 

Você acha que a inteligência artificial não é capaz de fazer o que você faz no seu emprego?

Recentemente aplicaram no ChatGPT a prova do Enem 2021. Cada uma das perguntas de português, matemática, ciências, etc, foi copiada, colocada na caixa de interface e perguntado qual  resposta certa. Em outro teste, foi solicitado ao ChatGPT escrever uma redação com o mesma tema do Enem. Resumo da ópera: o ChatGPT tirou uma nota entre 600 e 700 (de um total de 1000).

Você pode estar pensando, ah, essa inteligência artificial não é tão coisa de gênio assim, não tirou 1000. Mas eu preciso lembrar você que testaram o ChatGPT padrão, sem treino nenhum para o Enem. Assim mesmo, ele já foi melhor que metade dos brasileiros preparados para o vestibular, em um teste objetivo de inteligência.

O ChatGPT poderia ser exposto a milhares de exames vestibulares, ou do Enem, pra ficar muito melhor nessa tarefa. Com um pouco de treino específico, Inteligência Artificial, no patamar do ChatGPT, poderia se sair melhor em muitas tarefas intelectuais que os profissionais que as fazem hoje.

Mas meu emprego não é escrever texto, então estou garantido, certo?

Uma das coisas mais impressionantes do ChatGPT é que ele não produz só textos nesse sentido mais literal. Ele escreve programas de computador, receitas culinárias, letra de música e muito mais. Produz praticamente qualquer forma de conhecimento que possa ser organizada na forma de um texto, estruturado ou desestruturado.

E mais, é um chat, uma conversa interativa. Depois que ele produz um resultado você pode pedir:  mude assim ou assado. Eu experimentei "Crie um cardápio de 1800 calorias por dia para uma semana". 

O ChatGPT respondeu, com o café da manhã, almoço, jantar, lanchinho no meio da manhã e outro da tarde, para uma semana. Aí eu disse: mude para ficar vegetariano. O ChatGPT reescreveu, só fazendo as substituições necessárias.

Então, não é só o funcionário que escreve relatórios, scripts ou e-mails que está ameaçado. A maioria das pessoas cuja função é produzir, ou processar de alguma forma, conteúdos técnicos ou profissionais, vai correr risco, mais cedo ou mais tarde.

Os incorrigíveis otimistas precisam se corrigir

Eu já vi artigos propondo que a Inteligência Artificial não vai substituir funcionários humanos, vai ajudá-los. Por exemplo, ajudar uma pessoa a escrever um relatório melhor do que faria sozinho. Pode ser que numa primeira etapa sim. Mas achar que não vai haver substituição, é tão ingênuo quanto achar que os robôs na indústria só iriam ajudar operários que não eram suficientemente fortes ou hábeis manualmente para fazer uma tarefa. Ninguém ia ser demitido...

Conclusão

Como pensou o cara que pulou do décimo andar do prédio, a hora que ele passou pelo segundo andar: Ah, até agora tudo bem.

Ah, o ChatGPT não é tão bom assim. De vez em quando produz resultados inconsistentes ou obviamente errados.  Quando acerta, não é um conteúdo brilhante, é entre médio e bom. O ChatGPT não escreve ficção melhor que o Guimarães Rosa, nem um programa de computador melhor que o Donald Knuth, nem uma letra de música melhor que o Bob Dylan. Nem de muito longe.

O que é assustador, no entanto, é que ele faz todas essas coisas melhor que muitos humanos médios fariam. Responda pra mim prezada leitora, prezado leitor: quantas pessoas na sua empresa são gênios e quantos são humanos médios? 

Com um pouco de treino em profissões específicas e com adaptações da interface - do jeito de usar - ferramentas de I.A. podem ter um efeito devastador no mercado de trabalho. Isso, com as capacidades de I.A. de hoje. Não quero nem me estressar pensando no que poderá ser feito com os inevitáveis avanços de hardware, software e treinamento...

Não é à toa que Elon Musk, Steve Wozniack (co-fundador da Apple) e mais 2.600 CEOs, pesquisadores e outros profissionais de tecnologia assinaram uma carta aberta pedindo uma pausa no desenvolvimento da Inteligência Artificial, por pelos menos 6 meses, para que as questões éticas, políticas e sociais possam ser discutidas. Eu, muito modestamente me juntando a esse seleto grupo, concordo plenamente. 

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