quinta-feira, 6 de outubro de 2022

TikTok supera Google na pesquisa?


Executivo da Google confirmou que 40% da geração Z (nascidos entre 1997 e 2012) prefere o TikTok ou Instagram para fazer pesquisas na Internet. Seria só uma questão de tempo para o todo poderoso Google ser destronado como o maior mecanismo de pesquisa da Internet?

A Google já deve sentir um friozinho na barriga

(neste texto usamos "a" Google para nos referirmos à empresa Google e "o" Google para nos referirmos ao seu site ou aplicativo de pesquisa)

Em evento recente, um vice presidente sênior da Google - Prabhakar Raghavan - revelou que, de acordo com estudos internos da empresa, 40% dos jovens da geração Z preferem fazer pesquisas no TikTok ou Instagram, ao invés de pesquisar no Google. 

Na mesma ocasião o executivo da Google adiantou que os técnicos da empresa estariam trabalhando em alterações na aparência e tipos de respostas que o Google fornece às pesquisas, por exemplo com a inclusão maior de links para vídeos curtos, inclusive para vídeos residentes no TikTok ou Instagram. Essas mudanças visam tornar a pesquisa no Google mais atraente aos jovens.

Como comentário, dos US$ 178 bilhões que a Google arrecadou com seus sites em 2021, US$ 124 bilhões vieram de anúncios na pesquisa (fonte: Statista). A Google tem outros produtos, mas o carro chefe é, de longe, a pesquisa. Perder qualquer pontinho percentual aí deve dar um friozinho na barriga dos responsáveis. 

Porém, na opinião deste que lhes escreve, para correr atrás desse prejuízo, além das dificuldades técnicas de reproduzir a qualidade de pesquisas e a experiência de usar outros aplicativos, a Google vai ter que enfrentar a questão de mudar seu produto para agradar clientes diferentes, sem desagradar os atuais, que gostam do produto como é hoje. É um dilema comum a muitas empresas que tentam atingir novos públicos.

Pesquisar não é só pesquisar?

Embora chamemos de pesquisa uma pessoa estar procurando alguma coisa no TikTok ou no Google, a experiência de pesquisar em cada um deles é completamente diferente.

Por exemplo uma pessoa que pesquise "comida italiana na zona oeste sp", porque está chegando a hora do almoço, vai receber respostas completamente diferentes dos dois aplicativos. No Google vai receber blocos de textos, com links azuis para sites de restaurantes e um mapa com marcadores nas localizações dos restaurantes próximos. 

Enquanto isso, a resposta típica do TikTok a esta mesma pesquisa é um vídeo curto de alguém já sentado em um restaurante italiano na zona oeste de SP, comendo um prato e comentando. Não é um link para um vídeo. É um vídeo já rodando.  E se rolar a tela, seguem-se vários vídeos curtos de pessoas comendo, comentando, ou mostrando pratos italianos em restaurantes da zona oeste.

Não vamos entrar no mérito de qual modelo seria uma resposta "melhor" para pesquisas, até porque depende da avaliação subjetiva de quem está pesquisando e qual o tópico pesquisado. Mas é fácil perceber que essas respostas visam atender expectativas completamente diferentes.

A força de um novo formato

O sucesso do TikTok - foi o aplicativo mais baixado da Internet em 2020 e 2021 - indica que as pessoas vem optando, de forma crescente, pela experiência de consumir conteúdo, sobre qualquer assunto, na forma de vídeos muito curtos, geralmente em primeira pessoa - alguém olhando para a câmera, falando e/ou mostrando - o formato típico dos vídeos no TikTok.

A este que lhes escreve parece que o formato faz tanto sucesso, que acabou influenciando a forma com que muitas pessoas querem ver as repostas às suas pesquisas: do mesmo jeito que veem muitos outros conteúdos.

Conclusão

O crescimento do TikTok na função de mecanismo de pesquisa da Geração Z vem, pelo menos em parte, do formato predileto dessa geração consumir (e produzir) conteúdo: uma sequência infinita de vídeos verticais, curtos, em primeira pessoa, gravados e assistidos no celular. No entanto, não podemos descartar a possível influência de outros fatores.

Pode ser que o algoritmo do TikTok esteja melhor calibrado para as demandas dos jovens atuais, ou que as respostas do Google, com um viés mais óbvio em favor de seus anunciantes, possam incomodar a geração Z, menos acostumada a marketing aparente. Porém, é difícil isolar e medir a contribuição individual de cada fator destes para os bons resultados do TikTok, ou se haveria outros.

O certo é que a briga está começada. O TikTok parece estar com mais impulso, mas não se pode subestimar a capacidade técnica e o imenso cofre da Google. Com certeza veremos movimentos desta gigante, na busca de conquistar a geração Z e a geração A (nascidos depois de 2012) para suas ferramentas de pesquisa. Conquistar os mais jovens é garantir o futuro da empresa.

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